Descontos em farmácias exigem CPF e escondem preço real dos produtos

Farmácias em todo o Brasil têm adotado a prática de solicitar o CPF dos clientes como forma de montar um histórico de consumo personalizado.

Esse levantamento revela informações delicadas, como dados sobre saúde e comportamento sexual — justamente os mais protegidos pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Muitos consumidores fornecem seus dados em troca de supostos descontos. No entanto, segundo investigação do podcast UOL Prime conduzida pela jornalista Amanda Rossi, esses abatimentos são enganosos. “O preço verdadeiro já considera o desconto oferecido”, explica Amanda.

Ela ressalta que, na prática, os consumidores não têm muita escolha: “Ou você fornece seu CPF, ou paga muito mais por itens essenciais.” Assim, embora opcional, a recusa em compartilhar dados pode pesar no bolso.

Em fevereiro, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) abriu um processo de sanção contra a rede RaiaDrogasil, acusada de usar o histórico de compras dos clientes para fins publicitários — como revelou também uma reportagem do UOL.

Segundo a ANPD, vinculada ao Ministério da Justiça, há sinais de que a empresa faz “perfilização comportamental com dados sensíveis sem base legal adequada, visando publicidade personalizada com retorno financeiro”.

A RaiaDrogasil declarou que 97% de suas vendas envolvem a identificação do CPF, o que permitiu a criação de um banco de dados com o histórico de compras de 50 milhões de pessoas — cerca de 25% da população brasileira.

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