O bloco afro Ilê Aiyê, o primeiro do Brasil, comemora 50 anos de existência. Fundado em 1º de novembro de 1974, no bairro da Liberdade, em Salvador, o Ilê Aiyê foi criado em meio a um contexto global de valorização da cultura negra, marcado por movimentos como o Black Power, o movimento dos Direitos Civis nos EUA, e a independência de países africanos. Desde então, tornou-se símbolo da resistência e da celebração da cultura afro-brasileira.
No início, o Ilê Aiyê enfrentou muito preconceito e chegou a desfilar sob escolta policial, segundo Antonio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê. Suas cores—preto, amarelo, vermelho e branco—representam a força e a identidade da cultura negra. O bloco também tem uma forte conexão com a religiosidade afro-brasileira, em especial o terreiro Ilê Axé Jitolú, fundado por Mãe Hilda. Por quase vinte anos, o terreiro funcionou como base para o bloco, abrigando a diretoria, secretaria, costura e recepção de associados.
No carnaval, o bairro do Curuzu se torna palco de uma celebração especial: a bênção do bloco, que conta com uma orquestra de percussionistas e um coral. Atualmente, essa cerimônia é conduzida pela filha de Mãe Hilda, Hildelice Benta dos Santos, a Doné Hildelice.
Hoje, a sede do Ilê Aiyê é a Senzala do Barro Preto, onde o bloco promove atividades educacionais e culturais e preserva seu legado. Ali funciona também a Escola Mãe Hilda, com estrutura para ensino e oficinas de arte.
Neste cinquentenário, o Ilê Aiyê lançou documentário, realizou shows no Brasil e no exterior, e promoveu uma exposição. A celebração do “Mais Belo dos Belos” contou com um grande espetáculo na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, reunindo parceiros como a Orquestra Afrosinfônica e artistas como Matilde Charles, Daniela Mercury e Carlinhos Brown.