Ala do governo duvida de medidas para alimentos e pede foco em reduzir ruídos

Uma parte do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostra ceticismo em relação à eficácia das ações em análise pelos ministérios para reduzir o preço dos alimentos.

Uma autoridade econômica, sob anonimato, afirmou que a melhor contribuição do governo seria evitar ruídos desnecessários e “parar de criar confusão” que eleve o dólar, o que acaba impactando negativamente os custos de alimentos.

Embora a redução do imposto de importação de alimentos, anunciada na sexta-feira (24) pelo ministro Rui Costa, possa aliviar pontualmente, não resolve questões centrais como a alta do câmbio e a demanda aquecida. Segundo fontes do governo, a medida foi mais bem recebida do que propostas como taxar exportações, considerada arriscada.

Um assessor próximo a Lula chamou a ideia de taxação de exportações de “medida anti-Kirchner”, em referência à ex-presidente argentina Cristina Kirchner, que enfrentou crises após aumentar impostos sobre grãos. Alternativas como isentar importações, segundo essa ala, têm menor impacto no mercado.

Entre os ruídos apontados, citou-se o estudo de criação de uma rede popular de alimentos com preços subsidiados, semelhante ao Farmácia Popular. O mercado ignorou, no entanto, a proposta do ministro Fernando Haddad sobre a portabilidade do vale-refeição e vale-alimentação como forma de reduzir custos.

Para alguns economistas, como Carlos Thadeu Freitas Filho, da BCG Liquidez, medidas como a redução do imposto de importação ou taxação de exportações são ineficazes ou podem trazer mais problemas no médio prazo. Ele defende que o controle da inflação depende de uma economia estável, capaz de equilibrar os aumentos nos preços dos alimentos com outros setores.

O governo é alertado a aproveitar a recente queda do dólar para reforçar medidas que tragam mais credibilidade fiscal, facilitando uma redução sustentada dos preços.

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