A artista plástica baiana Lygia Sampaio morreu neste sábado (15), ao 94 anos, em Salvador. Ela foi a única mulher que, nos anos 1940 e 1950, participou de um movimento artístico que trouxe o experimentalismo estético definidor do modernismo nas artes visuais de Salvador. Na época, ela estava ao lado de colegas que se tornariam famosos, como Mario Cravo, Caribé, Rubem Valentim e Carlos Bastos.
Lygia entrou na Escola de Belas Artes em 1948, aos 20 anos de idade, onde desafiou os padrões vigentes da sociedade, aventurando-se em lugares considerados “impróprios” para uma mulher naquela época. Essa incursão na vida popular urbana de Salvador é visível nas suas pinturas e desenhos.
“No atelier da Barra mostrávamos o que fazíamos, era um ambiente alegre e encorajador. Por vezes saíamos juntos, conversando os nossos assuntos, passeávamos inocentemente pela cidade, do Rio Vermelho a Ribeira e Plataforma, buscando uma intimidade maior, visual e sensitiva, com a cidade que era a nossa fonte de motivos e de inspiração”, disse Lygia em depoimento registrado no catálogo da sua exposição de 1981.
A artista também foi a responsável pela implementação do Museu de Imprensa da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e trabalhou por 30 anos no Arquivo da Prefeitura de Salvador, depois de forma-se em Museologia pela Universidade Federal da Bahia em 1975.
Em 2006, Lygia publicou o livro “De Sam Payo a Sampaio”, fruto de pesquisa genealógica e ilustrado com desenhos em bico de pena de sua autoria, que ganharam exposição no Museu de Arte da Bahia. A última exposição da artista foi realizada em 2014, no Museu de Arte Sacra de Salvador.