A Bolsa registrou nesse início de 2023 o pior primeiro trimestre desde 2020, quando a pandemia chegou ao país. O começo deste ano também foi o quarto pior primeiro trimestre desde 1995, primeiro ano após o Plano Real.
Os últimos meses foram marcados por muitas turbulências e oscilações, com o Ibovespa perto de 115 mil pontos em janeiro, mas chegando ao final de março na casa dos 101 mil pontos.
O Ibovespa acumulou queda de 7,1% entre janeiro e março deste ano. Desde 1995, o pior primeiro trimestre para o índice foi o de 2020, ano que marca a chegada da pandemia de Covid-19 aos países do Ocidente. Naquele período, a queda foi de quase 37%, segundo levantamento da plataforma TradeMap.
Ainda segundo o levantamento, a segunda pior queda foi registrada em 1995, de quase 32%. No primeiro trimestre de 2013, o recuo foi de 7,55%.
O câmbio seguiu a tendência internacional, onde os mercados tiveram desempenhos mais positivos. O dólar caiu 2,9% em relação ao real no primeiro trimestre. Depois de atingir o patamar de R$ 5,45 logo no início de janeiro, com as incertezas em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a cotação fechou o trimestre a R$ 5,06.
No mercado de juros, também houve muita oscilação. Mas em relação ao final de 2022, houve queda tanto nos vencimentos mais curtos quanto nos mais longos.
Nos contratos para janeiro de 2025, a taxa passou de 12,66% ao ano no dia 29 de dezembro de 2022 para 12,01% nesta sexta-feira (31). Para janeiro de 2029, o recuo foi mais modesto, de 12,66% para 12,51%. Mas nos dois vencimentos, as taxas chegaram a se aproximar de 13,50%.
Na visão de analistas, a Bolsa sentiu mais os ruídos provocados pelas críticas do presidente Lula ao BC (Banco Central), e as incertezas sobre as novas regras fiscais. Dois temas que pautaram boa parte das decisões dos investidores no período.
Todos os analistas destacam o caso Americanas. A ação ordinária da varejista perdeu quase 90% do seu valor desde o anúncio das inconsistências contábeis, em janeiro, que tiveram como consequência um pedido de recuperação judicial de R$ 40 bilhões.
A ação da Americanas foi retirada do Ibovespa ainda em janeiro. Entre as ações que continuam no índice, o pior desempenho do trimestre ficou com a ordinária da Hapvida, que caiu mais de 48%.