O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu ter discutido com comandantes das Forças Armadas possibilidades de intervenções federais consideradas “dentro das quatro linhas” da Constituição.
“Se você ler o inquérito, em nenhum momento [Freire Gomes, comandante do Exército] fala em golpe. Quem menciona golpe é a Polícia Federal. O que o comandante do Exército disse é que foram discutidas hipóteses sobre estado de sítio, defesa e GLO [Garantia da Lei e da Ordem]”, declarou Bolsonaro em entrevista à Rádio Gaúcha na sexta-feira (6).
Ele acrescentou: “Nas quatro linhas estão o estado de sítio, o estado de defesa, a GLO e a intervenção federal. Essas possibilidades foram debatidas dentro das quatro linhas”.
Durante a entrevista, Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, reforçando suas críticas à atuação dele como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-presidente negou ainda qualquer envolvimento em planos para assassinar autoridades.
As investigações indicam que Bolsonaro teria apresentado pessoalmente uma minuta de decreto com teor golpista aos comandantes do Exército e da Aeronáutica, além do então Ministro da Defesa, em 7 de dezembro de 2022, no Palácio da Alvorada.
De acordo com um relatório da Polícia Federal, Bolsonaro e outras 36 pessoas foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e formação de organização criminosa.