As tropas russas assumiram o controle da usina de Chernobyl, local onde ocorreu o pior desastre nuclear da história décadas atrás, durante o primeiro dia de sua invasão ao território ucraniano.
Mas por que a Rússia decidiu assumir o controle da usina nuclear, agora desativada, e da cidade de Chernobyl, uma área abandonada desde 1986 e ainda parcialmente contaminada pela radiação, tão cedo na guerra?
Após o desastre, foi criada uma Zona de Exclusão, de 30 quilômetros ao redor da usina de Chernobyl.
Isso inclui as cidades de Pripyat, próximas à usina nuclear, e Chernobyl, a cerca de 15 quilômetros de distância, que se tornaram cidades fantasmas.
A invasão russa em Chernobyl
A usina de Chernobyl está localizada a cerca de 15 quilômetros da fronteira entre a Ucrânia e Belarus, de onde vem um dos muitos avanços sobre a Ucrânia pelas tropas russas. Também fica a cerca de 100 quilômetros ao norte de Kiev, capital da Ucrânia.
Alyona Shevtsova, conselheira do comandante das Forças Terrestres Ucranianas, disse pelo Facebook que as forças russas assumiram o controle da usina e que funcionários foram feitos “reféns”.
Segundo, Mykhailo Podolyak, um conselheiro presidencial ucraniano, explicou que o controle da zona de Chernobyl foi perdido após uma “batalha feroz”.
Ele acrescentou que o status das instalações de armazenamento de resíduos nucleares da antiga usina de Chernobyl é desconhecido.
Por outro lado, o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, disse à agência estatal russa Tass que os paraquedistas que apreenderam a usina “chegaram a um acordo com o pessoal ucraniano para proteger o reator nuclear e o sarcófago que o protege”.
Por que a Rússia decidiu capturar Chernobyl?
A Zona de Exclusão de Chernobyl está no meio da rota mais direta da fronteira de Belarus, onde foi lançado um dos principais ataques da Rússia para Kiev.
Essa localização geográfica já havia levado o governo ucraniano a enviar tropas para o local no início de fevereiro, esperando um ataque.
Uma fonte disse que a Rússia está tentando controlar a usina de Chernobyl para sinalizar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) — a aliança defensiva liderada pelos EUA no centro do conflito sobre as tentativas da Ucrânia de se juntar ao grupo — que não interfira militarmente no conflito.
Konashenkov disse que a captura da usina de Chernobyl era “uma garantia de que grupos nacionalistas e outras organizações terroristas não poderão usar a situação atual do país para realizar uma provocação nuclear”, ecoando as acusações infundadas de Putin. contra o governo ucraniano.
O que aconteceu em Chernobyl em 1986
Uma explosão destruiu o reator nº 4 na fábrica Vladimir Lenin, em Chernobyl, então controlada pela União Soviética, em 26 de abril de 1986, durante um teste de segurança que falhou.
Nuvens de material radioativo se espalharam pela Europa no que se tornou o pior desastre nuclear da história.
De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica e a Organização Mundial da Saúde (OMS): Mais de 30 pessoas morreram imediatamente após a explosão e, nos anos que se seguiram, muitas outras morreram por sintomas de radiação,
O governo ucraniano evacuou cerca de 135 mil pessoas da área e criou a zona de exclusão de 30 quilômetros ao redor da usina, para que permaneça inabitável por décadas.
Ainda assim, algumas pessoas continuam morando em Chernobyl e equipes de manutenção continuaram trabalhando no reator.
Nos meses após o acidente, um sarcófago foi construído para cobrir o reator nº 4 e conter o material radioativo. No entanto, desde então se deteriorou, levando a vazamentos de radiação.
Em 2016, uma estrutura conhecida como Novo Confinamento Seguro foi colocada sobre o sarcófago.
Portanto o enorme design em forma de arco visa evitar a liberação de material contaminado. Bem como proteger o sarcófago de impactos externos, como tornados ou tempestades elétricas extremas.