Copom aumenta taxa Selic para 10,75% ao ano após incertezas inflacionárias

Devido à recente alta do dólar e às incertezas com relação à inflação, o Banco Central elevou a taxa de juros pela primeira vez em mais de dois anos. O Comitê de Política Monetária (Copom), em decisão unânime, aumentou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, chegando a 10,75% ao ano. A medida era esperada pelo mercado financeiro.

A última vez que os juros haviam subido foi em agosto de 2022, quando a taxa passou de 13,25% para 13,75% ao ano. Após um ano nesse patamar, ocorreram seis reduções de 0,5 ponto e uma de 0,25 ponto entre agosto do ano passado e maio deste ano. Em junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano.

Inflação

A taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em agosto, o IPCA registrou uma leve queda de 0,02%, principalmente devido à redução no custo da energia elétrica, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, essa diminuição temporária será revertida com o aumento das tarifas de energia a partir de setembro, influenciadas pela bandeira tarifária vermelha e pela seca prolongada que afetará o preço dos alimentos.

O índice acumulou uma alta de 4,24% nos últimos 12 meses, próximo ao teto da meta para este ano. Para 2024, o Conselho Monetário Nacional estabeleceu uma meta de 3% para a inflação, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, de forma que o IPCA não deve ultrapassar 4,5% nem ficar abaixo de 1,5%.

No Relatório de Inflação divulgado pelo Banco Central no final de junho, a projeção para o IPCA em 2024 foi mantida em 4%, embora essa estimativa possa ser revisada por causa da alta do dólar e da seca prolongada. O próximo relatório será divulgado em setembro.

As expectativas do mercado são mais pessimistas. Segundo o boletim Focus, a inflação deve encerrar o ano em 4,35%, perto do teto da meta, um aumento em relação à previsão de 4,22% feita há um mês.

Crédito mais caro

A elevação da Selic tem o efeito de frear a inflação, pois juros mais altos tornam o crédito mais caro, o que desestimula o consumo e a produção. No entanto, esse movimento também pode impactar negativamente o crescimento econômico. No último Relatório de Inflação, o Banco Central elevou a projeção de crescimento do PIB para 2,3% em 2024, mas esse número pode ser revisto após o aumento de 1,4% no PIB no segundo trimestre.

O mercado financeiro prevê um crescimento mais otimista, com expansão de 2,96% do PIB em 2024, de acordo com o boletim Focus.

A Selic serve de base para as negociações de títulos públicos e influencia as demais taxas de juros da economia. Ao aumentar a Selic, o Banco Central tenta conter o excesso de demanda que eleva os preços. Quando reduz a taxa, o Copom incentiva o consumo e a produção, mas precisa garantir que a inflação esteja controlada para evitar desequilíbrios nos preços.

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