A Coreia do Norte anunciou neste domingo que interromperá o envio de balões carregados com lixo para a Coreia do Sul, mas ameaçou retomar a prática se panfletos anti-Coreia do Norte voltarem a ser enviados do Sul.
“A Coreia do Sul teve uma amostra de como é ‘sujo’ e ‘desperdiçador’ coletar lixo depois que a Coreia do Norte enviou 15 toneladas de resíduos usando 3.500 balões”, declarou o vice-ministro da Defesa norte-coreano, Kim Kang Il, em comunicado divulgado pela agência estatal KCNA.
A Coreia do Sul advertiu que tomará medidas “insustentáveis” contra a Coreia do Norte pelo envio dos balões, o que pode incluir a retomada de propaganda sonora através de alto-falantes direcionados ao Norte.
O anúncio do gabinete do presidente Yoon Suk Yeol ocorreu após uma reunião do Conselho de Segurança Nacional, discutindo uma resposta ao que Seul identificou como mais de 700 balões transportando lixo enviados por Pyongyang.
O conselho condenou os balões e o bloqueio simultâneo do GPS como “um ato irracional de provocação”.
Seul não descartou a retomada das transmissões sonoras, interrompidas em 2018 após uma cúpula com o líder norte-coreano Kim Jong Un, afirmou uma autoridade de alto escalão do gabinete de Yoon.
A Coreia do Sul democrática e a Coreia do Norte comunista permanecem tecnicamente em guerra desde que a Guerra da Coreia (1950-1953) terminou com um armistício em vez de um tratado de paz. Seul é um firme aliado dos EUA, com quem realiza exercícios militares regulares, enquanto Pyongyang desenvolve mísseis e tecnologia nuclear, que Seul e Washington dizem violar resoluções da ONU.
A Coreia do Norte justificou seus balões como retaliação a uma campanha de propaganda conduzida por desertores e ativistas norte-coreanos no Sul, que frequentemente enviam infláveis contendo panfletos anti-Pyongyang, alimentos, medicamentos, dinheiro e pen drives com vídeos de K-pop através da fronteira.
Os balões norte-coreanos, transportando lixo como bitucas de cigarro, tecidos, resíduos de papel e plástico, foram encontrados na capital Seul, entre as 20h de sábado e as 13h de domingo (horário local), informou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul.
Os militares sul-coreanos estavam monitorando os locais de lançamento e realizando reconhecimento aéreo para rastrear e coletar os balões, que carregavam grandes sacos de lixo suspensos.
Imagens da mídia local mostraram oficiais sul-coreanos armados recolhendo e ensacando o lixo dos balões em áreas isoladas.
Na quarta-feira, a Coreia do Norte enviou centenas de balões carregando lixo e o que chamou de esterco através da fronteira, denominando-os “presentes de sinceridade”. Seul reagiu com indignação, classificando a ação como perigosa.
A Coreia do Norte não comentou sobre os balões enviados no fim de semana.
O ministro da Defesa sul-coreano, Shin Won-sik, informou ao secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, em uma conferência em Cingapura neste domingo, que os balões violavam o acordo de armistício, segundo os militares sul-coreanos.
Ambos reafirmaram uma resposta coordenada a quaisquer ameaças e provocações norte-coreanas, baseada na postura de defesa combinada da aliança Coreia do Sul-EUA.
Alertas de emergência foram emitidos nas províncias de North Gyeongsang e Gangwon, e em algumas partes de Seul, pedindo à população que evitasse tocar nos balões e notificasse a polícia.