A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou nesta terça-feira (18) que recebeu com “estarrecimento e indignação” a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo os advogados, a acusação não apresenta provas que vinculem Bolsonaro ao que classificam como “narrativa construída”.
Em nota, a equipe jurídica afirmou que o ex-presidente nunca esteve envolvido em qualquer tentativa de ruptura do Estado democrático de Direito. Também criticou a PGR por atribuir a ele participação em supostos planos contraditórios e por basear a denúncia em uma única delação premiada.
“Após quase dois anos de investigações, com amplas diligências e medidas cautelares invasivas, nenhum indício concreto foi encontrado que conectasse Bolsonaro à denúncia”, diz o comunicado da defesa.
Possível pena ultrapassa 40 anos
Bolsonaro foi denunciado pela PGR sob acusações como tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado. A peça também aponta crimes como dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e participação em organização criminosa.
Se condenado, o ex-presidente pode pegar até 43 anos de prisão, além de ter sua inelegibilidade ampliada — atualmente fixada em oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os advogados afirmam que a denúncia se baseia em delações contraditórias do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e que nenhuma prova concreta foi encontrada em dispositivos eletrônicos de Bolsonaro. “Não por acaso ele [Cid] mudou sua versão diversas vezes para construir uma narrativa fantasiosa”, argumenta a defesa.
Bolsonaro minimiza acusações
Mais cedo, em visita ao Senado, Bolsonaro afirmou estar tranquilo em relação à denúncia da PGR. “Não tenho nenhuma preocupação quanto às acusações, zero”, disse após um almoço com senadores aliados.
O ex-presidente também questionou as provas contra ele. “Espero que agora eu possa ter acesso aos autos. Você já viu a minuta de golpe? Eu também não vi. Já viu a delação do Cid? Também não. Estou aguardando”, declarou.
Além disso, Bolsonaro voltou a criticar a Justiça Eleitoral e sugeriu que há uma tentativa de impedi-lo de concorrer contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Lula está derretendo”, afirmou.