Novas chuvas em Petrópolis deixam mais de 600 desabrigados

O número de desabrigados em Petrópolis subiu para 643 depois do forte temporal que atingiu a cidade neste domingo (20). Eles estão sendo atendidos em pontos de apoio espalhados pelos bairros, onde já estavam vivendo cerca de 400 pessoas desde a última tragédia.

O município serrano do Rio de Janeiro voltou a sofrer com as chuvas cerca de um mês após o maior desastre de sua história recente, que deixou 233 mortos e 4 desaparecidos. Desta vez foram 126 ocorrências registradas, 107 delas por deslizamentos.

Ao menos cinco pessoas morreram, 31 ficaram feridas e quatro estão desaparecidas desde o último fim de semana, segundo o Corpo de Bombeiros. Dois óbitos ocorreram no Alto da Serra, dois na região central e um no bairro Valparaíso. Trinta e quatro pessoas foram resgatadas com vida.

Em 24 horas, caíram 536 milímetros de água, mais que o dobro do acumulado no dia da tragédia (260 milímetros) —quando a chuva, porém, ficou concentrada em poucas horas. Era a marca mais alta desde o início das medições, em 1932.

O maior volume pluviométrico em dez horas durante a tarde e a noite deste domingo ocorreu no bairro São Sebastião, com 415 milímetros, e também nas localidades Coronel Veiga (375 milímetros), Dr. Thouzet (364 milímetros) e Vila Felipe (337 milímetros).

Entre as áreas mais afetadas desta vez estão também Alto da Serra e Chácara Flora, regiões que já haviam sido castigadas em 15 de fevereiro. Cruzes que foram fincadas na praça da Águia em homenagem às vítimas, quando o evento completou um mês, foram arrastadas.

O governador Cláudio Castro (PL) foi à cidade nesta segunda-feira (21) acompanhar os trabalhos de recuperação. Ele anunciou investimento de R$ 40 milhões em obras de emergência do túnel extravasor, na Rua Quissamã, construído para ajudar a escoar as águas e evitar alagamentos. Segundo o governo, mais de R$ 150 milhões foram destinados para intervenções nos bairros Valparaiso, Castelânea, Morin e Centro.

Em razão das chuvas, a vacinação contra a Covid-19 foi paralisada, e a Secretaria de Educação de Petrópolis decidiu suspender as aulas nas escolas e centros de educação infantil públicos e privados. Diversas ruas estão interditadas, e linhas de ônibus, interrompidas.

“Todas as pessoas estão recebendo o suporte da Secretaria de Assistência Social para o atendimento das necessidades essenciais e a Defesa Civil percorre todos os pontos de apoio para cadastrar os registros de ocorrências e realizar a vistoria dos imóveis”, afirmou a prefeitura.

​A tempestade também afetou as buscas voluntárias pelos desaparecidos no último desastre. O marceneiro Leandro da Rocha, 48, que tem liderado essas ações, diz que foi surpreendido quando voltava com três companheiros do rio Quitandinha, que transbordou novamente, alagando o centro da cidade.

“Desceu água tudo de novo, a cidade está submersa. Eu estou ilhado aqui, consegui parar o carro num ponto mais alto. Muita chuva, muita água descendo de novo, coisas sendo carregadas. Estou aguardando isso tudo parar de novo, não sei o que vai ser. É difícil, tudo de novo, só Deus para nos ajudar mesmo”, afirmou.

Em nota, a Defesa Civil Estadual e o Corpo de Bombeiros disseram que estão mobilizados para prevenir e minimizar os danos causados.

“Em Petrópolis, cerca de 180 militares atuam na resposta às ocorrências provocadas pelas chuvas, com apoio das unidades especializadas, incluindo as equipes do Grupamento de Busca e Salvamento, Socorro Florestal e Meio Ambiente, com suporte dos cães farejadores da corporação”, afirmaram.

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