Governo descarta mudança em validade de alimentos após críticas nas redes

Após repercussões negativas nas redes sociais, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descartou a possibilidade de alterar a regra da data de validade dos alimentos. A medida, proposta pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), estava sendo analisada internamente por alguns ministérios, mas gerou forte oposição e foi alvo de críticas online.

O ministro Rui Costa (Casa Civil) afirmou que “não há possibilidade” de implementar essa mudança. Durante entrevista à CNN Brasil, ele esclareceu que, embora sugestões do setor varejista estejam sendo avaliadas, a ideia de modificar a validade dos alimentos “não é a cultura do Brasil” e não será adotada.

A proposta da Abras consistia na adoção do modelo “best before” (consumir preferencialmente antes de), que permite o consumo de produtos após o vencimento desde que mantidos seguros, mas sem a garantia de frescor. Segundo a Abras, a mudança reduziria o desperdício e economizaria R$ 3 bilhões. No entanto, a medida implicaria mudanças regulatórias e a aprovação de um projeto de lei, além de ajustes promovidos pela Anvisa.

Nas redes sociais, opositores acusaram o governo de incentivar o consumo de alimentos vencidos, intensificando a polarização do debate. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), por exemplo, ironizou: “A picanha não veio e, se vier, será podre”.

Rui Costa também negou qualquer “intervenção” no preço dos alimentos, substituindo o termo por “medidas” para evitar mal-entendidos. Ele destacou que o governo busca alternativas para reduzir custos de produção e beneficiar a população sem controle direto de preços.

A questão do preço dos alimentos foi pauta de uma reunião ministerial na segunda-feira (20), na qual Lula cobrou soluções efetivas. O pacote de medidas sugerido pelo setor varejista, apresentado em novembro de 2024, também inclui a venda de medicamentos sem receita em supermercados e mudanças nos custos de intermediação do vale-alimentação.

O governo ainda avalia outras soluções, como ajustes nos preços mínimos agrícolas estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional, e pretende definir um pacote final de medidas em reunião marcada para 30 de janeiro.

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