Guitarrista Lanny Gordin morre aos 72 anos

Morreu na madrugada desta terça-feira (28), no exato dia em que completava 72 anos, o guitarrista Lanny Gordin, um dos maiores nomes ligados ao instrumento. A causa da morte não foi divulgada, mas ele, que sofria da síndrome de Guillan Barre desde 2019, estava internado há 30 dias.

Figura icônica da música brasileira, Lanny nasceu Alexander Gordin, em Xangai, capital da China, filho de de pai russo e mãe polonesa. Aos seis anos, veio com a família para o Brasil. Gravou em discos essenciais do movimento tropicalista como “Fatal – A Todo Vapor” (1971), de Gal Costa, “Caetano Veloso” (o álbum branco de CV, de 1969) e “Expresso 2222” (1972), de Gilberto Gil.

É de Lanny o famoso solo de guitarra da música “Atrás do Trio-Elétrico”, de Caetano, que popularizou a invenção de Dodô & Osmar no resto do país. E, apesar de o disco não ter ficha técnica, também foi ele quem tocou a guitarra em “A Tua Presença” (1971), de Maria Bethânia, e ajudou a cantora a dar o toque pessoal na gravação de “Jesus Cristo”, a primeira da dupla Roberto e Erasmo Carlos que ela interpretou.

Gravou com e/ou acompanhou também Elis Regina, Jards Macalé, Jair Rodrigues, Hermeto Pascoal, Chico César e outros. Sua discografia solo é composta dos álbuns “Lanny Gordin” (2001), “Projeto Alfa” – volumes I e II (2004), “Duos” (2006) e “Lanny Duos” (2007). Em 2012, ele foi incluído na lista “30 maiores ícones brasileiros da guitarra e do violão” da revista Rolling Stone Brasil.

Em 2017, o cineasta Gregório Gananian lançou o longa “Inaudito”, documentário sobre a vida e a obra do artista, que ganhou o prêmio de Melhor Filme na 21ª Mostra de Tiradentes – Olhos Livres.

“Sempre que eu penso no que foi conviver ao lado dele, criar com ele, lembro do que o Hélio [Oiticica] dizia, que ‘toda pureza era um mito’. Talvez o Lanny seja o único mito mesmo da guitarra, porque foi a pessoa mais pura que eu conheci. E o mito dele não é aquele mito opressor. É o mito da guitarra, o mito da libertação”, disse o cineasta em conversa com o Metro1.

“O som do Lanny é restaurativo. E a vivência dele. Acho que nunca conheci alguém onde arte e vida estivessem tão próximas”, completou.

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