O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu remover Frederico Meyer, embaixador do Brasil em Israel, de seu posto em Tel Aviv. Meyer foi designado como representante do Brasil na Conferência do Desarmamento, sediada em Genebra, órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU).
A nomeação de Meyer para a missão permanente do Brasil na ONU foi oficializada no Diário Oficial desta quarta-feira (29). Até o momento, não foi indicado nenhum substituto para a embaixada em Tel Aviv.
Especialistas em relações internacionais interpretam a ausência de uma substituição como um gesto político. Bruno Fabricio Alcebino da Silva, pesquisador do Observatório de Política Externa Brasileira (OPEB) da Universidade Federal do ABC, considera que a retirada do embaixador de Israel é “claramente política” e reduz a relevância da representação brasileira no país.
“Essa medida envia uma mensagem clara sobre a importância que o governo Lula atribui ao relacionamento com o atual governo israelense. Embora não rompa totalmente os laços diplomáticos, a ação evidencia a insatisfação do Brasil com as políticas de Israel”, comentou.
O especialista destacou ainda que a decisão não pode ser vista como meramente administrativa. “Substituir o embaixador por um encarregado de Negócios é um sinal diplomático de descontentamento e reprovação, refletindo uma estratégia deliberada de posicionamento no cenário internacional”, completou Bruno Alcebino da Silva.
O Ministério das Relações Exteriores não se pronunciou sobre o assunto, mas no Palácio do Planalto, a avaliação é de que o gesto foi político.
O presidente Lula tem criticado veementemente as ações de Israel na Faixa de Gaza, que ele considera um genocídio contra os palestinos. No último sábado (25), Lula voltou a criticar o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
“Queria pedir solidariedade às mulheres e crianças que estão morrendo na Palestina pela irresponsabilidade do governo de Israel. Não podemos nos calar diante de tais atrocidades”, disse durante um evento em Guarulhos (SP).
Na segunda-feira (27), o Itamaraty afirmou que as ações de Israel em Gaza violam sistematicamente os direitos humanos.
Na última semana, o promotor do Tribunal Penal Internacional (TPI) solicitou a prisão de Netanyahu por crimes de guerra, incluindo o uso da fome como arma de guerra. O governo israelense nega todas as acusações e afirma que está tomando medidas para proteger os civis.