Vanessa Pedroso Cordeiro, técnica de enfermagem de 40 anos, foi condenada a 51 anos e 8 meses de prisão por tentar matar 11 bebês recém-nascidos em 2009. A técnica administrava, sem prescrição médica, uma mistura de morfina e sedativos, como diazepam, nos bebês ainda na maternidade do hospital da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas (RS). O julgamento, que levou à condenação, foi concluído na madrugada desta sexta-feira (12), 15 anos após os acontecimentos.
Os recém-nascidos recebiam as medicações nas primeiras seis horas de vida e, em seguida, apresentavam problemas respiratórios e convulsões, necessitando de cuidados na UTI neonatal. As investigações revelaram que esses sintomas surgiam exclusivamente nos plantões de Vanessa.
A administração do hospital acionou a polícia após notar repetidos casos de bebês que nasciam saudáveis, mas apresentavam sintomas graves horas depois: moleza, desmaio e necessidade de respirador artificial. Vanessa foi presa em flagrante quando a polícia encontrou uma seringa com substâncias na sua pochete. Um laudo pericial solicitado pelo Ministério Público confirmou o uso de morfina. Vanessa ficou em prisão preventiva por quase um ano.
Durante seu interrogatório, Vanessa admitiu ter administrado medicamentos aos recém-nascidos, sem especificar quais substâncias ou quantas vítimas. Ela disse que usava uma seringa para ministrar os medicamentos na boca dos bebês e alegou não estar ciente do transtorno mental que a acometia na época.
“Não conseguia parar de fazer, mesmo sabendo que era errado. O que lembro é que nunca virei as costas para nenhuma delas,” disse Vanessa, referindo-se ao auxílio que prestava no socorro aos bebês.
A defesa de Vanessa utilizou o testemunho do psiquiatra forense Silvio Antônio Erne, que foi contratado como assistente técnico. Ele afirmou que a ré possui um transtorno de personalidade do tipo impulsivo e instável, com dificuldade de controlar impulsos.