A celebração dos 40 anos da Axé Music trouxe novamente à tona um importante debate sobre as raízes do gênero, que nasceu na Bahia e ganhou o mundo. A discussão foi intensificada durante o programa Sem Censura, gravado em Salvador, quando a jornalista Maíra Azevedo, a Tia Má, destacou a conexão histórica entre o movimento musical e as religiões de matriz africana, especialmente o candomblé.
Tia Má pontuou que o termo “Axé Music” foi inicialmente utilizado de forma pejorativa pelo jornalista Hagamenon Brito, mas acabou ressignificado pelos próprios artistas baianos. Ela ressaltou a contribuição dos terreiros e dos percussionistas que, após tocarem nos rituais religiosos, ajudaram a construir o som característico do Axé.
“A gente precisa falar dos terreiros de candomblé, porque se existe Axé Music, que surgiu para ser depreciado […] os maiores percussionistas saíam depois de tocar o rum, o pi e o lé. Depois de dar os atabaques, clamando os nossos deuses na terra. Então, não posso achar que o Axé Music pode ser tratado como se fosse qualquer coisa. O Axé Music é para a gente uma bênção daqueles deuses que dançam quando estão na terra”, afirmou Tia Má.
A reação de Ivete Sangalo ao discurso viralizou nas redes sociais. Reconhecida por sua postura de respeito às religiões de matriz africana, a cantora endossou as palavras da jornalista. “Não precisa emoldurar, não. Todo mundo sabe, mas se faz de maluco”, disse Ivete.
Ela também compartilhou sua própria relação com as influências do candomblé em sua música e espiritualidade: “Eu sou católica por batismo, minha mãe, meu pai, mas eu tenho uma relação gigantesca, por exemplo, com religião de matriz africana, que a minha música vem daí. Eu tenho um respeito máximo e uma simpatia muito grande, porque tenho muitos amigos, pessoas que fazem trabalhos de uma generosidade, e esse poder espiritual de fé.”
O debate reforça a importância de valorizar e reconhecer as origens culturais e espirituais da Axé Music, que é parte essencial da identidade baiana e brasileira.