Viúva e amigos criam instituto em homenagem a Dom Phillips

Na semana em que se completam dois anos do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, profissionais e amigos do ex-correspondente internacional de veículos como o The Guardian inauguraram um instituto sem fins lucrativos para homenageá-lo.

Mais do que apenas o nome do jornalista, o Instituto Dom Phillips visa perpetuar sua paixão pela Amazônia, bioma que ele visitou pela primeira vez a trabalho em 2015. Segundo Alessandra Sampaio, viúva de Dom e diretora-presidente da entidade, a iniciativa busca “ecoar as vozes da Amazônia” por meio de projetos que difundam os saberes tradicionais da população amazônida.

Na apresentação da entidade, os idealizadores afirmam que “honrar o legado de Dom é reconhecer a dor e ir além dela, entendendo que sua relação com a Amazônia não se resume ao seu assassinato. Pelo contrário, ele mergulhou na exuberância da floresta e escutou seus povos a fim de mostrar ao mundo toda a diversidade humana, ambiental e cultural da região”.

Quando foi morto, a tiros, o jornalista estava a caminho da Terra Indígena Vale do Javari, onde planejava entrevistar líderes indígenas e ribeirinhos para escrever um livro-reportagem intitulado “Como Salvar a Amazônia”. Essa terra indígena é a segunda maior área da União destinada ao usufruto exclusivo indígena e abriga a maior concentração de povos isolados do mundo.

Dom viajava com Bruno Pereira, servidor de carreira da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), que havia se licenciado em fevereiro de 2020 devido a discordâncias com as novas diretrizes da política nacional indigenista durante o governo de Jair Bolsonaro. Na época, Pereira atuava como consultor técnico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

Impulsionados por uma violência que sabem “não ser a primeira, nem a última”, os responsáveis pelo Instituto Dom Phillips enfatizam a urgência de ações concretas pela preservação da vida, tanto na proteção do bioma quanto na proteção de seus defensores.

Em 23 de julho de 2022, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou Amarildo da Costa Oliveira (“Pelado”), Oseney da Costa de Oliveira (“Dos Santos”) e Jefferson da Silva Lima (“Pelado da Dinha”) por duplo homicídio qualificado e ocultação dos corpos de Bruno e Dom. Também foram detidos e indiciados pela Polícia Federal (PF) Ruben Dário da Silva Villar (“Colômbia”) e Jânio Freitas de Souza.

O processo judicial está em andamento, mas a Subseção Judiciária Federal de Tabatinga, no Amazonas, ainda não marcou a data do julgamento dos três principais acusados. Por orientação de seus advogados, Alessandra evita comentar o andamento do processo, limitando-se a dizer que ele vem avançando.

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