Enquanto o ritmo no Congresso ainda é lento neste início de ano legislativo, parlamentares de oposição se movimentam nos bastidores para tentar instalar diversas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) a partir de março. As investigações propostas miram temas sensíveis ao governo Lula, podendo gerar desgastes políticos em 2025, ano que antecede as eleições municipais.
Na Câmara, deputados do PL tentam reunir assinaturas para criar uma CPI que investigue a suposta interferência da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) nas eleições brasileiras de 2022. A iniciativa é dos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Gustavo Gayer (PL-GO), que apontam possível influência estrangeira em debates políticos e regulamentação das redes sociais.
Outra CPI que já conta com assinaturas suficientes, mas aguarda decisão do presidente da Câmara, é a do Abuso de Autoridade, proposta por Marcel van Hattem (Novo-RS). O objetivo é apurar supostos excessos cometidos por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em especial na relação com os demais poderes.
Já a CPI do Pé-de-Meia, que investigaria supostas irregularidades no programa estudantil do governo, perdeu força após o Tribunal de Contas da União (TCU) derrubar a liminar que bloqueava recursos. No entanto, a oposição segue pressionando e chegou a protocolar um pedido de impeachment contra Lula, alegando “pedalada fiscal”.
No Senado, duas CPIs já conseguiram apoio suficiente e aguardam decisão do presidente Davi Alcolumbre (União-AP) para serem instaladas. A primeira, CPI dos Correios, proposta por Marcio Bittar (União-AC), quer investigar o prejuízo bilionário da estatal sob o atual governo. Já a CPI do Crime Organizado, do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), pretende apurar o avanço das facções criminosas e sua influência sobre a economia e a segurança pública.
As articulações para essas investigações devem ganhar fôlego após o Carnaval, ampliando a pressão sobre o governo Lula em um ano politicamente estratégico.